Ribeira Afonso fica para Sul Litoral de São Tomé a cerca de
32 km da capital.
Aqui não existe sol nesta altura do ano, a chuva tropical (principalmente
à noite) é frequente, o tempo não é tão quente e o ar não é tão húmido como nos
outros sítios de São Tomé. Aqui a comunidade é banhado pelo mar, complementada
pela fantástica praia das setes ondas e sobrevive do alimento que o mar lhes
dá.
Aqui não existe água quente, a electricidade falha imensas
vezes, a água (quando existe) tem uma cor acastanhada e os bichos são mutantes.
Aqui vai-se de um lado ao outro em 5 minutos e nesses 5
minutos o nosso olhar é absorvido pelos diferentes tons de verde das árvores, pela
praia e por casinhas pequenas de madeira que aparecem de forma desordenada e
incompleta umas atrás das outras.
Aqui a pobreza é visível e cheira-se, mas ninguém a tenta
esconder, muito pelo contrário, aqui reina a honestidade e a simplicidade em
todas as coisas. Aqui todos têm pouco e mesmo assim dão o pouco que têm.
Aqui existe a Roselini que é a rapariga com 19 anos que
vende peixe pela vila com um balde na cabeça e que diz que não estudou mais
porque não existe escola e que já é mãe de um rapaz de 3 meses. A sua avó (que
já é bisavó também) tem apenas 52 anos e é uma senhora amorosa que com um sorriso
de orelha a orelha disse que nos queria oferecer o almoço.
Aqui não existem casas de banho, os animais andam à solta
tantas vezes pela praia, e as crianças trepam pelas árvores para apanhar cocô,
cajamanga e outros frutos.
Aqui acorda-se e adormece-se com o som do mar.
Aqui a vida tem um tempo próprio, um nexo estranho e uma
vivência “leve-leve”.
Isto é Ribeira Afonso e faz hoje mais de uma semana que é a
nossa casa.
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