sábado, 22 de agosto de 2009






Fotos: (por ordem)
Papito
Maria
Vicente, Florença e Maria
Clarinha
Palmira



Hoje as cores do orfanato estava diferente. Hoje as cores vivas das suas paredes estavam menos cobertas do sombrio que aquele espaço simboliza. Hoje as cores eram garridas, eram alegres, eram vibrantes, eram reais. Hoje foi o nosso almoço de despedida do orfanato 1º de Maio.
Quando lá entravamos a nossa visão ficava repleta de balões de cores variadas, musicas aos berros, crianças que dançavam ora ao som desta, ora em cima das cavalitas dos meninos, ora ao colo das meninas, ora comiam, ou corriam, ou saltavam, ou caiam, ora não sabiam que mais fazer. Hoje aquelas crianças estavam genuinamente felizes, e isso, isso transparecia nos seus olhos. Era uma imaginem bonita, muito bonita.

Hoje depois de almoço metemos as crianças sentadas no refeitório em frente à televisão. Passamos um video com fotografias suas e música. Para nós o gesto mais simples, banal, pacifico. Para eles, turbilhão de sentimentos, euforia, a primeira vez que se viam em grande plano em fotografia, gritos, risos, caras envergonhadas, gritos, e mais risos. Estavam histéricos.


Hoje depois de vir do orfanato caí pesada no sofá da sala. Já me pesa a despedida. Rendi-me à melancolia que o momento pedia. Aquelas crianças durante 2 meses foram o centro da minha vida, como me poderia passar tudo isto ao lado? Queria leva-las a quase todas para casa, já conheço os pormenores de tantos deles, já aprecio com sentimento quase de mãe do abraço do Vicente, já me abaixo para a Palmira correr para os meus braços, já finjo que mordo a bochecha do Papito porque sei que ele adora, já sei como fazer a Maria parar, já sei quem mais gosta de por os meus óculos na cara e imitar-me, já sei quem em olha de frente e adora e quem me olha ainda de lado, já sei lidar com a rebeldia da Clarinha, já sei ver quando a Florença está feliz, já sei. Já sei tanto daquelas crianças, como é que isto nos passa ao lado.

"_ Já sabias desde o inicio que ia ser assim!" - já dizia o meu irmão João.

Sim é verdade. Sempre soube que assim seria, sempre o previ. Mas não sabia o que era isto. Nunca tinha experimentado este sentimento, portanto as minhas suposições não eram mais que isso mesmo: suposições. Doí, magoa, custa, pesa. Mas é bom. É bom sair dali e olhar para aquelas crianças, aqueles meus, nossos meninos.


Nada mais vai ser como antes, África obrigada*

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