segunda-feira, 6 de julho de 2009

A diferença, acreditem, está a começar a fazer-me bem.

Desengane-se quem me diz que a diferença não é uma experiencia enriquecedora.
A diferença é o choque de identidades.
A diferença é o repensar na nossa maneira de ser.
A diferença é ver o mesmo por outros olhos.
A diferença é perceber outros mundos.
A diferença é mudarmo-nos sem nos apercebermos.
A diferença é mudar algo nos outros.
A diferença é dar sem notar e receber sem dar por isso.
A diferença é o que vivo nos últimos dois dias.




Ainda tenho a minha cabeça muito quente. Ainda não vejo direito. Ainda não percebo tantas coisas. De facto, Maputo é uma cidade que merece tanto do meu tempo. Ainda chegamos à pouco e já me sinto presa a este sitio. Ainda chegamos à pouco e quando cheguei à escola primária Maxaquene Khovo rendi-me aos sorrisos rasgados que marcavam as caras daquelas crianças. No meio de tanta agitação, crianças corriam, brincavam, sorriam, cantavam. Era uma bonita imagem acreditem.
Fiquei com a turma de 2º ano. É um grupo irreverente, alegre, repleto de energia, igualitário de uma forma que me impressionou, do qual, segundo a professora Seferina eu sou a “titia”. Ainda é muito cedo, mas tenho a certeza que adorarei aquelas crianças, e como “titia” que sou comecerei, já amanha, a dar o meu melhor por eles.


Os primeiros minutos, horas, dias, são sempre alturas muito intensas. Tenho absorvido tudo o que posso, tenho sugado todas as energias que consigo. No entanto, não posso sair do meu lugar sem me custar. A despedida foi dolorosa. Jamais saí tanto tempo de perto das pessoas que amo. Custou. É a minha família, o meu apoio, a minha base, a minha força.
Sem se aperceberem aquela viagem de carro com rumo a Lisboa foi das viagens mais propícias para sensações fortes que alguma vez senti, muito fortes. Olhava à minha volta. Partilhava o meu carro com mais quatro pessoas. Como não sabem eles que são tudo na minha vida. Nos lugares da frente tinha os meus pais. Tenho tanto que lhes agradecer. O apoio, o orgulho, a dedicação, a força, os avisos, tanto. Tinha o meu pai que sempre, sempre, será o meu modelo a seguir, a pessoa que endireita a minha linha quando esta está torta, aquele que marca as pegadas que vou querer seguir. Tinha a minha mãe, a mulher mais forte que conheço. É de uma força imaginável, é de um valentia que me orgulha. Aguenta tudo, é impressionante. A ela devo muito, desde o apoio numa decisão difícil aos medicamentos que meticulosamente arranjou numa malinha. É a minha mãe. A mulher mais perfeita à face da terra.
Aos meus lados, os meus irmãos. Eles talvez não o sintam, mas tenho uma enorme ligação com eles. Por muito que discuta, me chateei, lhes tire roupa, lhes desligue o telemóvel na cara, mesmo assim, fujo para eles quando alguma coisa me corre mal. São a construção da minha “bolha actimel” quando preciso de protecção. Sei que sim. E a minha irmã, Joana, sabes que sim, sabes que és uma grande mulher, sabes que és mais forte que tudo, e sabes que te amo mais do que tudo. Eu sei, tu sabes.

As lágrimas já estão me escorrem um pouco do canto do olho. Tinha que lhes escrever isto, sei que são a quem custa mais a minha distância. Não se preocupem. Estão sempre comigo. É uma distância puramente física. A força que nos une é demasiadamente grande e antes de agir penso duas ou três vezes em como vocês o fariam. São a minha vida.



Fico por aqui. A diferença, acreditem, está a começar a fazer-me bem.



p.s. Parabéns pai, meu herói.

3 comentários:

  1. suga tudo, tudo !! foi como eu te disse: já conquistaste o teu sonho. agora, vive-o intensamente e aproveita ao máximo!!

    vai dando noticias anii =D

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  2. Ainda que parexa contraditorio, a diferenxa eh a igualdade!
    excelente fragmento... have you a will to power (Nietzsche)

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